O parafuso que faltava
4.4.05
Métodos quânticos avançados de minimização temporal da espera em filas de bilheteiras
Este não é o título de uma tese de Doutoramento, embora hajam umas por aí bastante interessantes. Também não é o nome de uma cadeira da alta roda Universitária. É talvez um artigo que nos dias quentes poderá ser um concorrente ao equivalente matemático dos prémios Ig Nobel da física.
A teoria de tempos de espera sofreu um grande avanço no início dos anos 50 do século XX, lá pelas 20:20 do dia 7 de Abril num ano que agora não me lembro. O matemático Sino-Soviético Tiredof Wai Ting descobriu que a quantidade de tempo média que uma pessoa espera numa fila tem a ver com o tipo de pessoas que compram bilhetes (fazendo a suposição de que se encontram numa posição mais próxima do guichet) multiplicado por alguns factores que dependem do contexto espacio-temporal. A fórmula que Wai Ting derivou é considerada ainda hoje uma das mais elegantes nesta área e também na área do custo médio da velocidade de empacotamento de latas de sangacho de atum.
Do princípio: vamos supor que numa fila há N pessoas à nossa frente, cada numa descrita por ni. O indíce i tem apenas a ver com a numeração, isto é, a ordem das pessoas desde o guichet até nós. É óbvio que a soma de todos os ni até nós dá N. Para cada ni existe um conjunto de parametros cujo resultado se situa entre t0 e +infinito. Um dos grandes trunfos desta teoria foi a introdução de t0, parâmetro que impede a conhecida catástrofe ultra-bilhêtica, pelos mesmos motivos que a equipartição de estados evita a catátrofe Ultra-Violeta.
Os seguintes exemplos serão dados para aquisição de bilhetes em comboios, visto que o último estudo de referência foi realizado na Gare do Oriente.
Os parametros (variáveis e independentes entre si) de cada pessoa são:
- si: coeficiente de Sadismo para cada pessoa. Pessoas com um coeficiente de sadismo elevado fazem pedidos estúpidos, pedem para lhes explicar tudo 4 e 5 vezes, e há quem defenda que têm prazer sexual em comprar bilhetes com trajectos complicadíssimos em horas de ponta (sextas especialmente). Normalmente não embarcam nas viagens. Pessoas com um coeficiente baixo limitam-se a frases como "Boa tarde, é um regional para Santarém." e têm quantia certa.
- ai: coeficiente de Atraso (também conhecido como mcbuhi: Mania de Comprar o Bilhete à Última da Hora). Normalmente (sim, segue uma distribuição normal), quanto mais atrasados estamos para o comboio mais difícil será comprar bilhete. Certos físicos defendem que se chegarmos à fila num instante de tempo infinitesimamente pequeno antes do comboio partir, todas as leis físicas locais se quebrarão o que resultará num colapso gravitacional: um buraco negro.
- ki: coeficiente de Tipo. Este é parâmetro intrinseco que é obtido experimentalmente. Ainda não há derivação credível para este factor. Assim para cada tipo de pessoa este parâmetro é: Universitárias: 1. As universitárias e o conjunto seguinte compreendem o grosso da população ferroviária. Os universitários andam de carro, porque a larga maioria dos pais Portugueses não dão carros às filhas. Forças Armadas: 3,5. Como a maioria são grunhos e/ou um compra bilhetes para o seu batalhão demoram bastante tempo. Africanos: 4. Não se sabe porquê, a alta tecnologia acústica dos guichets consegue converter o sotaque de uma frase como "Um regional para Santa Apolónia" em "Frique, frique, não vacila, dá-lhe!". Idosos: 7. Não vale a pena explicar este. Estrangeiros(residentes ou não em Portugal): 5. O sotaque é sem dúvida uma barreira universal e normalmente quem está a vender bilhetes percebe apenas Português e mal. Betos: 0 excepto em Alfas, neste caso 5. Só andam em luxo para mostrar que podem. Como não estão habituados a andar de comboio atrapalham-se. Políticos: 1000000. Não sabem para onde querem ir.
Após a derivação deste fórmula Wai Ting passou a andar mais a pé.
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